Livro: Mulheres na Luta - Marta Breen e Jenny Jordahl

Há 150 anos, a vida das mulheres era muito diferente: elas não podiam tomar decisões sobre seu corpo, votar ou ganhar o próprio dinheiro. Quando nasciam, os pais estavam no comando; depois, os maridos. O cenário só começou a mudar quando elas passaram a se organizar e a lutar por liberdade e igualdade. Neste livro, Marta Breen e Jenny Jordahl destacam batalhas históricas das mulheres — pelo direito à educação, pela participação na política, pelo uso de contraceptivos, por igualdade no mercado de trabalho, entre várias outras —, relacionando-as a diversos movimentos sociais. O resultado é um rico panorama da luta feminista, que mostra o avanço que já foi feito — e tudo o que ainda precisamos conquistar.
Essa graphic non-fiction nos apresenta de forma magistral e dinâmica a luta feminina durante 150 anos, fazendo conexões com épocas antigas e expondo que nada do que temos foi ou será fácil. A mulher nunca foi ou será ouvida num estalo de dedos. Cada dia é um filme de terror diferente. As norueguesas Marta Breen e Jenny Jordahl não estão aqui para celebrar algo que acabou, mas sim que devemos manter nossa voz, por aquelas que mantiveram antes.

O diferencial de Mulheres na Luta são as mulheres que têm sua história gravada, porém não são tão lembradas. É o feminismo interseccional, que expõe como vários feitos por "padrões" acabam por ocultar os de mulheres negras, lgbts+ ou as de lugares não tão exaltados pela sociedade. Há uma parte dedicada às sufragistas, mas você já ouviu falar nos feitos de Harriet Tubman? Ela era uma escrava que ao conseguir fugir, se dedicou a ajudar outros escravos encontrarem a liberdade. Ou já ouviu falar na mártir iraniana, a poetisa Táhirih? A narrativa acaba por abrir nossos olhos e como falei na resenha de Extraordinárias, não é uma leitura que vai finalizar quando você fechar este livro.

Toda causa feminina importa. Não deveria se diferenciar de cor, classe, lugar, gênero. E isso vai refletir na leitura, porque é capaz das escolhas das autoras te surpreender, pois realmente são mulheres que não encontramos em todo livro de História. Talvez em séries de tv, com alguma proposta que as envolva superficialmente; uma menção. Em mínimos filmes adaptados naquela época ou sobre os feitos delas, como no caso das sufragistas. Eu até brinquei no Twitter, comentando que reconheci umas duas que a Meryl Streep interpretou. Ah, e falando em filme, esse ano teremos a cinebiografia da Harriet Tubman, ela será interpretada pela Cynthia Erivo, vista em As Viúvas.


É uma leitura rápida e dinâmica. Não há textos imensos. Tudo retratado em quadrinhos com as ótimas ilustrações de Jenny Jordahl, e mais as cores lindas, que se conectam perfeitamente com o tipo de humor e liberdade nas interações de Marta Breen. Elas apresentam certa descontração, aquela tirada que só uma melhor amiga entenderia. Os perfis se misturam com outros arcos históricos, também importantes na vida da mulher como o voto, trabalho, as formas de proteção, o aborto... Nesse meio, ainda há uma retratação de um embate contra alguns filósofos que achei bem divertido.

Muito permanece e a luta continua, e não importa a idade. Creio que Malala é a imagem que vem às mentes no que se trata do femininismo jovem. Há uma parte sobre ela, de como sua voz ajudou a mudar a visão de muitos sobre a educação no Oriente Médio. E como se viu refugiada de seu lar, junto de sua família, após o atentado que sofreu. No lugar onde nasceu ela não deveria ter voz, mas a usou e se expôs para ajudar outras meninas de sua idade.


As ilustrações são lindíssimas, chega até doer na alma não ter um talento desse. Ha! A maneira como Jenny adaptou essas mulheres é incrível. E notamos o diferencial, conforme conhecemos a cada uma das histórias. As expressões são ótimas, assim como os cenários apresentados. Marta e Jenny nos presenteiam com uma leitura gratificante e para todas as idades. Vi algumas resenhas comentando sobre o fato dele se encaixar mais como infanto-juvenil, não concordo. É uma leitura para uma menina/mulher de qualquer idade.

Mulheres na Luta vem para acrescentar ainda mais brilho a época em que muito se discute o feminismo. Neste momento há uma utopia da minha parte, mas seria lindo vê-lo nas escolas. Uma leitura de apenas um dia, mas que te acrescentará muito, hoje e futuramente. E assim como Extraordinárias, fiquei desejando uma continuação.

A edição está incrível e com capa dura. O trabalho com as cores é lindo, mas tenho que dizer que fiquei apaixonada pelos tons em vermelho. São poucas páginas, então é uma leitura que pode ser concluída bem rápido. É bem reflexiva e profunda; cada momento é bem marcante. Na página final, encontramos um posfácio por Bárbara Castro, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas, que resume bem o tema proposto adicionando parte da luta de mulheres brasileiras - ainda dentro da questão do feminismo interseccional.


E não sei os outros, mas as páginas da minha edição estão muito cheirosas. Eu sou a louca que fica cheirando livro por minutos e amei o cheirinho desse. Não me julguem.

Autoras: Marta Breen e Jenny Jordahl
Título Original: Kvinner i kamp | Woman in Battle
Origem: Literatura Norueguesa
Editora: Seguinte
Tradução: Kristin Lie Garrubo
ISBN: 9788555340802
Publicação: 2019
Páginas: 128
Série: Não
O Que Tem?: Não-Ficção, Feminismo, HQ

LinksSkoob Compre Físico - No Site da Editora - Site da Autora 1 - Site da Autora 2
O Canto Cultzíneo agradece ao Grupo Compania das Letras (Seguinte) por ceder o exemplar para análise.

Comentários

  1. Oi Nana.
    Adorei a resenha desse livro. Sou apaixonada por obras feministas, que tratam de questões importantes mesmo que tabus. Engraçado que nunca tinha visto uma obra desse tipo ilustrada, o que só me deixa com mais vontade de ler.
    Amei a resenha.
    Beijos.
    Fantástica Ficção

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  2. Adorei a indicação do livro, embora não sou muito de lê livros achei interessante :)

    Beijos
    Pâmela Sensato

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  3. Não conhecia o livro e já amei. É tão absurdo pensar que na luta pela voz das mulheres, muitas foram silenciadas por não fazer um padrão.
    beijos
    http://www.dearlytay.com.br

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  4. Oi, Nana!

    Eu tinha visto algumas fotos que você tirou do livro e já tinha ficado interessada. Ai, eu amoooo livros cheirosos, cheiro todos mesmo HAHAHAH até os mais velhos com cheirinho de sebo rs (alô rinite).

    Eu gostei muito dos desenhos e de como o livro retrata toda a luta. Fiquei muito curiosa pra conhecer, um livro tão necessário hoje em dia, pra quem acha que nossa luta é sem sentido. Amei!

    Beijos,
    Caverna Literária

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  5. Oi Nana, que graphic maravilhosa e mega super importante!! Eu no sue lugar tb ficaria cheirando kkkkkkk

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  6. Oi Nana,
    Eu não tenho o costume de ler Graphic Novel, porém como a temática muito me agrada, quero conferir!
    E siiiiiiiiim, eu também cheiro livros HAHAHAHAHAHAHAHHAH
    beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com/

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  7. Cheiro de livro novo é viciante! kkkk
    Amei essa graphic novel. Já quero! E é muito bom mesmo saber quem está por trás de tantos direitos que conquistamos nesses tempos... e ainda assim nos falta tanto...
    Bjks!

    Mundinho da Hanna

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  8. Oi
    Que legal essa Graphic Novel, ainda não tinha visto, gostei da dica ;)
    Beijinhos
    Renata
    Escuta Essa | Facebook | Twitter | Instagram

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  9. Olá, Nana.
    Eu quero muito comprar essa edição que está maravilhosa. E sem falar no conteúdo que é algo que todas as pessoas que são contra o feminismo, principalmente as mulheres, deveriam ler e refletir o porque ele deve existir.

    Prefácio

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  10. Oi Nana, tudo bem?
    Esse livro parece maravilhoso em todos os sentidos.
    Além da edição caprichada, mal posso esperar pra ler esse conteúdo incrível.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  11. Oi Nana!
    Eu nunca li uma graphic novel ou non fiction, seria uma boa pedida! 😍
    Cheirinho de livro é bom demais, hahahah
    Bjs
    A Colecionadora de Histórias - Blog

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  12. Oi Nana! Eu li e achei muito bom. É uma viagem histórica pela luta das mulheres por liberdade e seus direitos e a forma como a história é contada é bem envolvente e direta.
    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  13. Oi Nana,

    Acho que não sou a única que cheira livros hahaha.
    Eu adoro Graphic Novel, ainda mais quando retratam a realidade.
    Adorei o traço dessa. Com certeza quero conferir.
    Bjs e um bom fim de semana!
    Diário dos Livros
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