Livro: Daisy Jones and The Six - Taylor Jenkins Reid

 
Embalado pelo melhor do rock'n'roll, um romance inesquecível sobre uma banda dos anos 1970, sua apaixonante vocalista e o amor à música. Da autora de Em Outra Vida, Talvez?. Todo mundo conhece Daisy Jones & The Six. Nos anos setenta, dominavam as paradas de sucesso, faziam shows para plateias lotadas e conquistavam milhões de fãs. Eram a voz de uma geração, e Daisy, a inspiração de toda garota descolada. Mas no dia 12 de julho de 1979, no último show da turnê Aurora, eles se separaram. E ninguém nunca soube por quê. Até agora. Esta é história de uma menina de Los Angeles que sonhava em ser uma estrela do rock e de uma banda que também almejava seu lugar ao sol. E de tudo o que aconteceu — o sexo, as drogas, os conflitos e os dramas — quando um produtor apostou (certo!) que juntos poderiam se tornar lendas da música. Neste romance inesquecível narrado a partir de entrevistas, Taylor Jenkins Reid reconstitui a trajetória de uma banda fictícia com a intensidade presente nos melhores backstages do rock'n'roll.
Não vou colocar o alerta, mas quero ressaltar que essa é uma narrativa com uma linguagem adulta.

Daisy Jones era uma figura marcante. Todos diziam que sua beleza chamava atenção por onde passava. Enquanto seus pais se preocupavam em manter nome e dinheiro, Daisy atraía-se cada vez mais pelo mundo rock e tudo que proporcionava naquela época. Isso inclui o alto consumo de álcool e drogas. Na sua adolescência, alguns a consideravam uma groupie. Empoderada, logo decidiu fazer seu nome naquele cenário. Daisy sempre soube como se impor, e não se intimidava fácil. Mas o caminho de uma mulher sempre tem umas ciladas, não é?

Sua voz sempre fora bastante elogiada, mas ela sabia o poder que tinha em meio as composições. Ela poderia ter desistido de tudo quando um ex-namorado usou parte de sua ideia numa música e não lhe deu os créditos. Ela compôs mais e mais, até que surgiu a oportunidade de se lançar. Porém, teve que se mostrar persistente aos seus desejos; mostrar seu trabalho de forma completa. Discutiu bastante com a gravadora antes de ter seu primeiro álbum lançado.

Entretanto, Daisy era uma estrela que nem sempre brilhava. Se afundando cada vez mais no mundo das drogas, era difícil lhe conceder algum crédito em certos trabalhos. Quando foi obrigada a se unir aos The Six, para a gravação do famigerado álbum Aurora, teve muitos problemas com o vocalista, Billy Dunne, que estava se esforçando ao máximo para não ter uma recaída nesse mundo. A gravação do álbum, mais a problemática turnê, se tornariam um grande marco na indústria.

"As coisas eram assim na época. O meu papel era servir de inspiração para uma grande ideia de um cara qualquer. Ah, mas nem fodendo. Foi por isso que comecei a escrever [...] Eu não tinha o menor interesse em ser a musa de alguém. Eu não sou a musa. Eu sou esse alguém. E assunto encerrado."

A banda The Six surgiu em meados dos anos 60. Fundada pelos irmãos Dunne, Billy e Graham, logo começou a se destacar no mundo do blues-rock. Após a entrada de Karen Karen, tecladista, eles oficializaram o nome e viram a coisa acontecer. Nem é preciso dizer que os caras desconheceram limites, ao notarem as grandes somas de dinheiro surgirem. Isso foi uma desgraça para Billy.

Naquela época, Billy Dunne estava apaixonado pela jovem Camila. Boa parte das composições de sucesso da banda eram sobre ela. Até que decidiram se casar. Camila vivia na estrada com a banda, até em maus momentos. Quando ela ficou grávida, conheceu o pior de Billy. O rapaz se entregava à luxuria, e a outros terríveis vícios, quase o levando a morte. Foi uma terrível época, mas ótima para que ele pudesse se afastar e se recompor. Tempo depois veio Daisy Jones e a participação em Honeycomb, mais uma música sobre Camila, e que traria o grande retorno da banda.

A ideia da gravadora era que Daisy - ainda lançamento - fizesse um dueto com uma banda sólida. O relacionamento dela com Billy nunca foi dos melhores. Imagina então, quando o dueto se tornou um sucesso e a gravadora lançou a ideia do álbum em conjunto? Billy queria fazer tudo sozinho. Várias composições sobre Camila, que Daisy jamais daria passe. Ela também queria compor, cantar, dar ideias e validar seu talento. Billy, muitas vezes egocêntrico em sua posição de vocalista, iniciou certos atritos com outros integrantes. Ao meu ver, foi a simples faísca, que foi se alastrando, até o dia fatídico que cada um seguiu seu caminho.

"Nós adoramos gente linda e destruída por dentro."

Eis que vem a pegadinha: todo esse resumo não se absorveu de uma narrativa comum de um livro. Não. A construção do enredo é feita através de ENTREVISTAS. Ao longo de oito anos, a autora - fictícia - recolheu depoimentos dos integrantes da renomada banda, pertencente ao cenário musical dos anos 70, Daisy Jones & The Six. A ideia é chegar a uma conclusão para o chocante rompimento da banda, no auge da fama, durante uma turnê de muito sucesso. A "autora" não entrevistou só a banda mais Daisy Jones, como também, produtores, amigos e amores...

Minha primeira experiência com a autora Taylor Jenkins Reid. Ela já tinha um outro livro publicado no Brasil, mas por outra editora, antes desse chegar. Fiquei muito surpresa com a maturidade de sua escrita, a maneira como se desenvolve todo mode das entrevistas e como tudo se revela. Daisy Jones and The Six é uma história empoderada, não só por Daisy, mas também pelas outras personagens femininas presentes na história: Camila, Karen Karen e também a melhor amiga de Daisy, Simone. Todas são donas de seus caminhos, seus desejos e principalmente, seus corpos. Esse último é o mais evidente, pelo fato de Daisy sempre mencionar que não pretende mudar "de roupa", pra que ninguém deixe de olhar pra ela. Ha! O maior:os incomodados que se mudem.

Daisy é uma personagem fascinante. A construção dela tem esses nuances "falhos" na personalidade, mas nossa, acredito que boa parte das coisas que marquei no Kindle, foi ela que disse ou me diverti com o que ela fez. Achei engraçado que na época de groupie, ela é apresentada como se não tivesse opinião formada, e daí vamos nos surpreendendo quando ela precisa se impor. Karen ~supostamente~ era pra ser uma rebelde sem causa, mas Daisy é mais vida louca que ela e acaba por deixá-la até espantada algumas vezes. Há uma parte na entrevista focada em Karen, um acontecimento durante a produção do álbum, que eu achei bem válido, pois só veio acrescentar nos tons feministas da trama. Notei que a ideia era fazer um contraste com um desejo de Daisy mais decisões da Camila, e cada uma seguiu feliz com o que queria. Um poder da mulher, que cada mulher decide o que faz e se satisfaz.

"Eu sinto muito calor, sempre senti. Não vou ficar derretendo de suor só para não constranger os homens. Não é minha responsabilidade controlar o tesão de ninguém. É responsabilidade de cada um não ser um babaca."

Um ponto que me deixou surpresa, além da narrativa ser estruturada por quotes de entrevistas, é que não é tudo sobre Daisy. A autora inicia apresentando a protagonista, sua vida e pessoas conectadas a ela. Logo, conhecemos os integrantes do The Six, além das pessoas da gravadora. Me surpreendeu ao descobrir algumas mortes e eventuais saídas da banda, ou quem ignore a existência, antes de toda explosão na turnê. E há muito de Billy e Camila, afinal ela sempre foi uma grande inspiração para as músicas, e era uma figura super presente nas turnês.

A ideia de Jenkins não é nos apresentar personagens perfeitos. Cometem erros a todo momento, até ficando calados. Ha! Mesmo assim, senti que alguns engoliam muitos sapos por causa de Billy, ficando no canto, só querendo se divertir e sem conflitos. Outros nos apresentam abordagens mais pesadas, que preciso destacar, que talvez não sejam tão agradáveis para mentes mais conservadoras.

Daisy Jones and The Six é uma dica perfeita para amantes, não só da música, mas também dos bastidores. E principalmente do cenário dessa época, que revelou tantas bandas legais. Aqui é apenas uma banda fictícia - que dizer pra vocês, dá pra duvidar, viu? - mas faz a gente parar e refletir como foi o processo de gravação daquela banda que a gente curte. A autora apresenta uma ideia válida, corajosa - pois necessitava transmitir certa veracidade - predominada por uma escrita deliciosa, que nos deixa ávidos para saber cada vez mais sobre os caminhos desses integrantes.

"Os homens parecem achar que merecem um prêmio quando tratam as mulheres como seres humanos."

Edição lida em e-book, então não posso comentar muito sobre a física, e também não era a final.  Recebi através do NetGalley. Mesmo assim curti do que vi da revisão, pois a leitura foi fácil e divertiu. A autora deixou sua criatividade fluir lindamente, então há partes das músicas da banda, e mais as letras completas do álbum Aurora nas páginas finais. Amei a capa, a fonte escolhida para o título e as cores ficaram ótimas.

Pelos comentários da autora pelas páginas finais, notei que a Stevie Nicks foi certa inspiração para a composição da Daisy. Mas olha, se ganhar mesmo uma minissérie - ou filme, quem sabe mudam, né? - adaptada, eu quero a Maggie Rogers de Daisy Jones!

E se você ainda estiver no embalo ao finalizar, pode encontrar a soundtrack do livro no Spotify. Só estranhei a autora enfiar música do Harry Styles num negócio sobre anos 70. Você pode encontrá-la no perfil da editora randomhousebooks ou clique aqui.

"A minha voz era como uma calça jeans nova, e a do Billy, como aquela que você já tem há anos."

"As pessoas dizem que a vida segue em frente, mas esquecem de contar que às vezes o tempo congela só pra você."

"Todo mundo quer alguém que segure um espelho que mostre a imagem certa de você."

Ah, preciso dizer que a autora fictícia é um mistério. É revelado apenas nas páginas finais.

Autora: Taylor Jenkins Reid
Título Original: Daisy Jones & the Six
Origem: Literatura Americana
Editora: Paralela
Tradução: Alexandre Boide
ISBN: 9788584391400
Publicação: 2019
Páginas: 360
Série: Não
O Que Tem?: Ficção, Música, Entrevista, Feminismo

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O Canto Cultzíneo agradece ao Grupo Compania das Letras (Paralela) por ceder o exemplar para análise.


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Comentários

  1. Que interessante nunca tinha ouvido falar !
    Um beijo e bom dia
    Se puder confere meu blog também e me segue de volta .

    Segredosdamarii.blogspot.com

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  2. Muito interessante o enredo ser construído com base em entrevistas. Parece ser um livro muito legal.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  3. Olá, Nana.
    Eu já tinha lido sobre o livro e no começo entendi que era uma banda de verdade só depois que percebi que não era hehe. Mas como não gosto muito de livros nesse estilo de narrativa e também não sou tão ligada em musica, acredito que o livro não seja para mim. Mas quem sabe hehe

    Prefácio

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  4. Oi Nana, tudo bem?
    Durante a leitura fiquei imaginando como seria escrever um livro com uma entrevista como pano de fundo, apesar de não ser muito meu gênero, acho que leria esse só para ver como a autora fez. Acho que é um recurso que deixa a história mais dinâmica e verossímil. Dica anotada aqui!

    Até mais;
    |Mente Hipercriativa (Blog) | Mente Hipercriativa (Fanpage)|

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  5. Oi, Nana!
    Achei que era sobre uma banda real haha Adorei a premissa do livro e sua resenha me cativou bastante. Fiquei com vontade de ler e conhecer a narrativa em entrevista que a autora usou. Dessa forma parece que fica mais ágil a leitura, né?
    Beijinhos,

    Galáxia dos Desejos

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  6. Oi, Nana!

    Nossa, que livro doido! Até o final da sua resenha eu tava crente que a banda era real. Eu já ia comentando "ué, não lembro dessa artista/dessa banda" hahah que demais a autora ter construído toda uma história e muito convincente acerca de uma banda fictícia, e ainda isso tudo através de entrevistas! Fiquei bem curiosa pra ver como isso é retratado nas páginas do livro, achei a proposta bem diferente e inteligente! Mas de fato, pra que diabos enfiar Harry Styles nisso? KKK menino ainda nem pensava em existir

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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  7. Oi Nana.
    Não sei se leria, mas achei muito interessante e diferente a autora criar a banda e tudo o mais que compete ao meio e ainda por cima escrever o livro em formato de entrevistas.
    Bjus

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  8. Oi Nana! Achou a playlist? Eu não achei!!! Menina, amei esse livro e quero mais obras desta autora na minha vida. A Daisy é a doidinha do rock mais querida do mundo. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  9. AMEI isso da narrativa ser estruturada com quotes das entrevistas e que resenha mais maravilhosa! Fiquei super curiosa pra conferir a obra.

    semquases.com

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  10. Eu não curto muitos livros que são narrados por cartas ou entrevista, não tive boas experiências com isso mas esse é um tipo que eu tentaria ler porque é diferente do que tentei antes. Sua resenha me deixou um pouco curiosa para ler, mas nada super urgente kk

    Abraço,
    Parágrafo Cult ★

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  11. Oii Nana

    A Taylor se trnou uma das minhas autoras queridinhas, já li dela EM outra vida, talvez? que amei de paixão e tenho Daisy pendente pra começar aler, além de um conto de 150 páginas em inglês que dizem que está maravilhoso. Essa é uma autora que tem mesmo uma narrativa madura e histórias bem diferentes, que marcam a gente. Espeor que venha logo mais livros dela.

    Beijos, Ivy

    www.derepentenoultimolivro.com

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  12. Olá! Não conhecia esse livro mas me interessei após sua resenha
    Beijos!!
    https://focadasnoslivros.blogspot.com/

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  13. Oi Nana, tudo bem?
    Achei curioso e criativo o modo de narrar a história, fiquei curiosa pra saber se a narrativa funciona. Mas a trama em si não me chama tanto a atenção. :(
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  14. Oi Nana,
    Estão todos elogiando esse livro, né? Estou chocada!
    Quando eu o vi sendo lançado, nem dei bola para ele! HAHAHAHA
    Acho que vou te ouvir e ler, preciso ficar atenta as promoções dele. rs
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com

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  15. Oi
    estão falando muito bem desse livro, e a forma de narrativa pelo que falou parece ser legal, mas ainda não me senti tentada a ler a história, que bom que gostou de realizar a leitura.

    http://momentocrivelli.blogspot.com

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  16. Oi Nana,

    Confesso que não é muito meu tipo de leitura, mas achei a trama interessante e leria por isso.
    Que sabe mais para a frente!

    Bjs e um bom fim de semana!
    Diário dos Livros
    Conheça o Instagram

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  17. Nossa
    que surpreendente!
    E descobrir tudo só ao final? Meu Deussss hahahaha
    confesso que não conhecia nada do livro, mas pela sua resenha, é uma explosão de pensamentos sendo narrativa
    Adorei!
    Beijocas da Pâm
    Blog Interrupted Dreamer

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