Conto: Nightflyers - George R.R. Martin #TOCANDOTERROR

Misturando ficção científica e terror, Nightflyers é um conto único em enredo e narrativa, e uma obra-prima de George R. R. Martin, um dos maiores nomes da literatura fantástica de todos os tempos. Nas fronteiras do universo, uma expedição científica composta de nove acadêmicos dá início à missão de estudar os volcryn, uma misteriosa raça alienígena. Existem, no entanto, mistérios mais perigosos a bordo da própria nave. A Nightflyer, única embarcação que se dispôs à missão, é uma maravilha tecnológica: completamente automatizada e pilotada por uma única pessoa. O capitão Royd Eris, porém, não se mistura com a tripulação – conversando apenas através de comunicadores e se apresentando somente por holograma, ele mais parece um fantasma do que um líder. Quando Thale Lassamer, o telepata do grupo, começa a detectar uma presença desconhecida e ameaçadora por perto, a tripulação se agita e as desconfianças aumentam. E a garantia de Royd sobre a segurança de todos é posta à prova quando uma entidade malévola começa uma sangrenta onda de assassinatos.
George R.R. Martin começou sua carreira de escritor nos anos 70, com publicações de contos, em boa parte voltados para o gênero sci-fi. Nightflyers é um deles. Publicado no início dos anos 80, se destaca pelo seu belo toque sanguinolento.

Karoly d'Branin é um estudioso senil obcecado por encontrar qualquer rastro relacionado aos volcryn, uma misteriosa raça alienígena. Ninguém consegue acompanhá-los pela galáxia, por causa da velocidade que migram. Agora eles estarão bem próximos ao olhar humano, e o acadêmico está decido a provar a existência deles, e tentar compreender tamanha movimentação. Então, Karoly reúne nove acadêmicos do planeta Avalon - boa parte humanos - e, dentre eles, conhecemos a protagonista Melantha Jhirl, que se define como uma experiência avançada. Ela é muito destemida, super mente aberta, não parece se importar com os mistérios que cercam a nave Nightflyer, e muito menos se incomoda com o estranho holograma que os recepciona.

Royd Eris é o capitão da Nightflyer, e embora esteja livre de sua forma humana, faz todo possível para recepcionar os tripulantes e deixá-los confortáveis. Ele prioriza manter seus segredos, muitos deles perigosos, e precisa estar atento a qualquer movimento na nave. Tem olhos e ouvidos em todos os lugares, o que logo começa a incomodar a tripulação de Karoly. Principalmente após revelar como sucedeu sua criação.

Karoly, Royd e Melantha se tornam grandes confidentes. Os outros não enxergam bem essa súbita união, acreditam que o capitão está tramando algo. Suspeitam até que possa ser um criminoso. Há o que temer sim, e muito. O telepata a bordo sente o perigo, mas não sabe de onde vem. Até a tensão aumentar e horripilantes - e sanguinários - acontecimentos predominarem a viagem.

"Então seu crânio explodiu."

Quem acompanha o blog a mais tempo, sabe que não sou muito de ler sci-fi ou assisti-los. Não é preconceito; o velho não é você, sou eu. Ha! Mas fiquei curiosa com Nightflyers por inúmeros motivos, menciono o lado horror e por ser do Sor Martin. Esse conto foi publicado bem antes de As Crônicas de Gelo e Fogo nascer, então a escrita dele tá diferente sim. Não de um jeito negativo, mas limitado. George é um autor expansivo, criativo, principalmente na questão de ambientação. Soa como se o conto tivesse bloqueado esse lado dele. Sei que é um conto, mas alguns pontos precisam de certa explicação, como as outras raças alienígenas que os personagens citam. Se era bonzinho com os personagens? Não mesmo. Já era sanguinário e brutal esse menino. Acredito que nesta história ninguém tem um final 100% feliz; nem quem sobrevive.

Tem muito sangue por aqui sim

Estamos cansados de ler/assistir seres humanos que adoram meter o nariz onde não é chamado, se meter no que não é seu, no que se trata da questão de seres que acham inferiores (não que Karoly ache isso). Pior... não escuta quem só deseja ajudar. Toda ideia de Karoly é ambiciosa, quer "por as mãos" em um segredo de outra raça, os volcryn. Sua tripulação quer ajudá-lo a provar que a tal raça existe, "corre" pelo espaço e qual seria os motivos e tudo mais. Com isso, embarcam com um telepata, pois acham que facilitará todo diálogo entre eles. Mas é claro que a ideia é péssima.

Tirando os aliados do holograma Royd - Melantha e Karoly - um a um surta de diferentes maneiras durante a estadia na Nightflyer. Seria a nave que está provocando isso? É Royd? Um ponto positivo da narrativa é como as nossas desconfianças em relação a Royd oscilam no decorrer das páginas. Ele tem belos motivos para esconder seus temíveis segredos, mas não deveria. Quando ele revela como foi sua criação, logo descobri um dos grandes segredos desse enredo.

"- Eu poderia matar todos vocês, se esta fosse a única forma de salvar a mim e minha nave."

Royd e Melantha, sem dúvidas, se tornaram meus personagens favoritos. Outro problema, pois só com eles me preocupei. Olha a quantidade de gente que embarca na nave! Nove pessoas! Alguém ali eu deveria sentir pela iminente morte, mas infelizmente não. Minha impressão é que ele concentra boa parte da construção "personagem perfeita" em Melantha. Por outro lado, a questão da ameaça na nave me deixou com certo sentimento conflituoso, pois não absorvi parte dos seus feitios como "erros". Depois de saber o que fizeram - antes - e tals... motivação meio válida?


Melantha, Royd e as estrelas

Apesar das ressalvas, Nightflyers é uma leitura que indico a todos amantes dos dois estilos. Capaz de te surpreender num nível melhor que o meu. Essa história foi publicada lá nos anos 80, e traz certa diversidade entre os personagens, com uma protagonista negra LGBT, e a tecnologia aqui é de todo crédito da mente de Sor Martin. Muito bacana. A ideia do autor casa de forma perfeita com as belas ilustrações. Aos medrosos, não precisam correr, pois não são todas assustadoras. É uma leitura rápida, de poucas horas. O estilo "a próxima vítima" é muito presente, e o mistério consegue nos deixar presos em suas páginas. Finaliza de forma agridoce; muito "cada um é feliz da maneira que lhe convém."

"Minha solidão me levou a um erro terrível."

Edição está lindíssima, com ótima revisão. Também preciso ressaltar que a tradução está ótima, deixando os termos e os nomes bem compreensíveis para a leitura. Há algumas ilustrações de David Palumbo acompanhando partes importantes do conto, estão incríveis. Lembrando que, apesar da primeira imagem, nem todas focam em mortes, ok? Ha! Eu amo ilustrações com céu e estrelas... essas foram minhas favoritas. A capa apresenta Melantha e um símbolo da parte final do conto. É em capa dura e formato médio.

*Adaptações:

Nightflyers (1987) | Filme
. Direção de Robert Collector e roteiro de Robert Jaffe;
. O diretor tretou com o povo antes de finalizar o filme e ainda pediu pra não ser creditado;
. Acredito que o rosto mais conhecido do elenco seja o Tio Phil de Um Maluco no Pedaço;
. Melantha se chama Miranda Dorlac e é interpretada por uma atriz branca;
. O único personagem que permaneceu com nome do conto foi Royd (clique aqui e confira elenco).
***
Nightflyers (2018) | Série
. Série produzida pelo canal americano SyFy em parceria com a Netflix;
. Série de Jeff Buhler;
. Há mais personagens do que no conto;
. Os nomes são basicamente os mesmos. Alguns optaram por "parecidos";
. Jodie Turner-Smith interpreta Melantha;
. A série ainda conta com Eoin Macken, David Ajala, Angus Sampson e Gretchen Mol (clique aqui e confira elenco).

O #TOCANDOTERROR é um especial de Halloween em parceria com o Caverna Literária.


Autor: George R.R. Martin
Título Original: Nightflyers
Origem: Literatura Americana
Editora: Suma
Tradução: Alexandre Martins
ISBN: 9788556510815
Publicação: 2019
Páginas: 144
Série: Não
O Que Tem?: Espaço, Holograma Amigo, Sangue

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O Canto Cultzíneo agradece ao Grupo Companhia das Letras (Suma) por ceder o exemplar para análise.



CONFIRA TAMBÉM NAS LOJAS ABAIXO:

Comentários

  1. Oi Nana! Não é um estilo que leio muito, mas tenho vontade de conferir para conhecer este outro lado do autor. Boa semana. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  2. Oi Nana,

    Confesso que gostei muito da edição do livro, até mais que a premissa rs.
    Mas tenho certa curiosidade com a histórias apesar das ressalvas que você citou.

    Bjs e uma boa semana!
    Diário dos Livros
    Conheça o Instagram

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  3. Olá, Nana.
    Eu gosto desse negócio de nave, mas em filmes. Confesso que já li vários livros do gênero e sempre me perco na história hehe. Esse mesmo já fiquei perdida na resenha hehe. Mas por ser do autor talvez eu leia quando ele terminar As crônicas de Gelo e Fogo e minha raiva por ele passar hehe.

    Prefácio

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  4. gosto mt do R R Martin, ja adorei conhecer esse conto e a edição do livro está msm mt linda

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  5. Oiii Nana

    Anos 80 ainda era uma época complicadinha pra falar de diversidade, então palmas pro Sir Martin que inova naqueles tempos.
    Não sei se leria esse, não sou fã de sci-fi embora admito que tenho curiosidade em qualquer dia tentar ler algo do gênero (quem sabe vai né?) e sendo do Martin, acho que seria interessante de ler algo dos seus inícios.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  6. Já escutei e li muito sobre o autor mas, não conheço nenhuma obra dele. Talvez um dia eu me arrisque mas, ainda não é o meu momento de ler nada dele.
    Beijocas.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  7. Oi Nana, eu até gosto do gênero e nunca li nada do autor (pasme), então apesar da ressalva posso começar por esse rsrsrs

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  8. Oi, Nana!

    Lembro de ter assistido ao primeiro episódio de Nightflyers e não ter entendido nadica de nada hahaha daí acabei desanimando e nem tentei dar mais uma chance. O conto também aparenta deixar alguns pontos a desejar, e é uma pena que a escrita do autor não tenha sido totalmente aproveitada :( mas sendo um conto, algo teoricamente curto, até vale a pena dar uma chance né

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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