Livro: Suicidas - Raphael Montes
O PRIMEIRO ROMANCE DO JOVEM AUTOR QUE SE FIRMOU COMO PRINCIPAL NOME DO NOVO SUSPENSE BRASILEIRO. Antes que o mundo pudesse sonhar com o terrível jogo da baleia azul, que leva jovens a tirara própria vida, ou que a série de televisão 13 Reasons Why fosse lançada e se tornasse o sucesso que é hoje, Raphael Montes, então com 22 anos, já tratava do tema do suicídio entre jovens, com a ousadia que virou sua marca registrada. Em seu primeiro livro, que a Companhia das Letras relançou acrescido de um novo capítulo, conhecemos a história de Alê e seus colegas, jovens da elite carioca encontrados mortos no porão do sítio de um deles em condições misteriosas que indicam que os nove amigos participaram de um perigoso e fatídico jogo de roleta russa. Aos que ficaram, resta tentar descobrir o que teria levado aqueles adolescentes, aparentemente felizes e privilegiados, a tirar a própria vida. Para isso, contamos com os escritos deixados por Alê, um narrador nada confiável.
AVISO: Esta narrativa contém inúmeros gatilhos, como cenas gráficas de violência - tanto verbal como corporal - e suicídio.
cuidado com quem vocês colocam dentro de casa...
No dia 7 de setembro de 2008, nove jovens se reuniram numa casa de campo em Minas Gerais. Lá eles se trancaram numa espécie de bunker, parte já consumia álcool e drogas, mas a intenção era a mesma: realizar uma roleta russa. Eles criaram as próprias regras para seguir nesta dinâmica mortal, sem o mínimo conhecimento prévio das verdadeiras intenções. Quer dizer... uns até desconfiavam, mas não era uma garantia de sobrevivência.
A narrativa não segue de forma linear. O leitor terá de encaixar as peças através dos pensamentos do protagonista, Alessandro, por suas anotações e partes do livro que estava escrevendo - narrando os acontecimentos daquela dia; também acompanhamos a entrevista policial feita com as mães das vítimas para um novo olhar no caso. A troca de farpas é constante, além que nenhuma consegue acreditar que os filhos e as filhas teriam motivos para tal ideia.
Tudo que se sabe é que Zak não estava no melhor de seus dias. O jovem perdera os pais de forma abrupta e decidira se rebelar contra tudo a sua volta. Ele sempre tivera um relacionamento conturbado com o pai, embora não signifique que possa reprimir suas dores. Não que sua antiga personalidade fosse grande coisa, mas pelo menos Alessandro o compreendia melhor. Os dois são amigos de longa data; insultar o mundo ao redor parece ser o passatempo favorito de ambos. Os outros sete participantes da roleta apenas cruzaram com o caminho de Zak em algum momento de suas vidas - e foram obrigados aceitar Alessandro por tabela.
Enquanto Zak demonstra seu ódio zombando de tudo e todos para se sentir superior, Alessandro é aquele odioso ressentido e silencioso. Desde o primeiro instante dá para questionar se ele e Zak são realmente amigos, porque se nota - e muito - o escárnio em sua narrativa. Zak cresceu numa família de classe alta e supostamente estabilizada; Alessandro sempre viveu com a mãe e os avós. Zak coleciona conquistas por onde passa; Alessandro jamais consegue manter um relacionamento sem que o achem esquisito. E de alguma maneira eles conseguiram manter essa amizade, mas as frustrações não são inexistentes.
Como mencionado, os outros sete participantes da roleta russa eram mais próximos de Zak do que de Alessandro. Dois irmãos que gostavam de se reunir com ele e ensaiar algumas músicas, o vizinho, três conquistas mal resolvidas e um rapaz que era alvo de chacota. Antes de encontrarem seu destino final, todos irão testemunhar atitudes bizarras e macabras de pessoas que achavam simples e inofensivas.
"Com um sorriso no rosto, Zak sacudiu a arma carregada no ar.Era hora de começarmos."
Não dá para desenvolver uma análise tão longa sobre este livro por questão de spoilers. Ele tem essa quantidade de páginas, mas a entrevista das mães com a policial é descrita em boa parte do enredo, então é aquele momento que flui e as páginas voam. Isso não foi tão positivo, pois achei parte das reações e tretas muito repetitivas. Em muitos momentos elas foram mal aproveitadas. Por que não apresentar melhor a personalidade dos filhos? Só conhecemos todos os sete pelos olhares negativos e ofensivos de Alessandro e Zak.
E por falar em ofensivo... os dois são odiáveis. Mas acredito que Alessandro seja pior, porque é o protagonista e é antipático pra caraio. Ele parece aquele personagem encosto de Senhor dos Anéis, que fica sugando a energia do rei. Ha! Sei que as narrativas do Raphael Montes focam no horror urbano, destacando a classe alta ou média alta, então é de praxe que os personagens façam coisas odiáveis e que perturbem a mente do leitor. Infelizmente dessa vez não despertaram tanto da minha empolgação; muitas vezes só predominou o ranço pelas ações dos dois amigos e, também, por um certo coadjuvante. Aliás, dos coadjuvantes poucos se salvam. Só curti Dan - o vizinho - e Waléria - uma das conquistas de Zak. As mães não dá pra conhecer muito, já que estão sempre chorando ou tretando.
O autor nos apresenta a dois mistérios: ambos o leitor irá descobrir que são mistérios no decorrer da leitura. De início tudo parece ~a vida quis assim~ e não foi, né? Primeiro é o fato das mães serem convidadas a uma nova reunião na delegacia, após uma novidade no caso. E, tadinhas, precisam reviver todo o horror de quando descobriram o que havia acontecido com seus filhos e suas filhas. Claramente dá pra saber que sairá alguma coisa daí. O segundo é melhor deixar quieto... mas tenho certeza que vocês vão desvendar de cara. Ha!
A narrativa me agradou em certos pontos. Gostei da ideia por trás da reunião dos colegas no pseudo bunker. A mãe do Alessandro consegue nos surpreender em uma cena importante. Apesar que os dois mistérios dão pra desvendar antes ou no meio da leitura, assim como o que aconteceria perto do fim da dinâmica das mães com a policial - sério, eu lancei a ideia no primeiro ato. O Vilarejo e Jantar Secreto conseguiram instigar mais a minha mente. Uma Mulher no Escuro você adivinha uma parte, mas se choca com outras...
"A cada tiro morria a própria vontade de morrer.”
Suicidas foi o primeiro livro da carreira do autor. Quem já leu suas obras mais recentes notará as mudanças em sua escrita. Mas as cenas pra lá de bizarras seguem. Por aqui temos uma!!! O ódio é capaz de ser no nível daquela bem polêmica de It - A Coisa, de Stephen King. Da minha parte, achei a longa descrição desnecessária. Tem coisas que precisam de limites. Gostaria muito de contar, mas só sinalizo que encaixa nos gatilhos mencionados acima. Bom, a dica é mais recomendada para quem deseja sair da zona de conforto. Alguns livros do autor eu terminei com vontade de reler. Infelizmente, Suicidas não será um deles.
Apreciei bastante a edição, bem organizada; não fica confuso entre as partes e está com ótima revisão. O livro havia sido publicado por uma outra editora. Bem dizer que a Cia já até lançou uma nova edição, parece que exclusiva para o Submarino, mas as duas capas são ótimas. Entretanto, adoramos quando segue o padrão e fica um luxo pra exibir, né?
Foi um dos primeiros livros que emprestei na biblioteca aqui do município. Fazia tempo que estava devendo uma visita por lá e realizar meu cadastro. Aproveitei para doar uns livríneos também.
Autor: Raphael Montes
Origem: Literatura Brasileira
Origem: Literatura Brasileira
Recomendação do Canto: +18 anos
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535929447
Publicação: 2017
Páginas: 432
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535929447
Publicação: 2017
Páginas: 432
Série: Não
O Que Tem? Roleta Russa, Mães, Mistérios, Carta, Cofre, Fala Chato Fala
O Que Tem? Roleta Russa, Mães, Mistérios, Carta, Cofre, Fala Chato Fala
Links: Skoob - Compre Físico - Compre E-book - No Site da Editora - Site do Autor
Oi Nana, tudo bem?
ResponderExcluirLi dois livros do autor; um eu adorei, outro eu detestei.
Suicidas me causa muita curiosidade, mas fico ponderando ainda se coloco na lista ou não devido às prioridades que tenho. Mas certamente você me relembrou da curiosidade que sinto a respeito dessa trama em específico!
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Eu ainda não li este livro do Raphael, mas quero.
ResponderExcluirCheguei a comprar e espero conseguir dar uma chance um dia. Obrigada por avisar sobre os gatilhos, gosto muito da escrita dele
Clayci
Oi Nana.Tudo bem?
ResponderExcluirEu acho que nunca vou ler um livro do Raphael Montes .É bom ver que esse autor vem ganhando destaque , mas os livros que ele escreve não é muito meus tipos.
Nossa ,faz tempo que eu não passo na blibioteca da minha cidade também
Beijao
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com
Oi Nana! Já li duas obras do autor e gostei da sua escrita, este aqui está na minha lista e gosto do jeito sombrio e meio perverso que ele cria histórias. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Olá, Nana.
ResponderExcluirNa época que eu comecei a ler os livros do autor, se não me engano esse estava esgotado ou algo assim. E eu até tinha bastante vontade de ler ele pelo enredo, mas depois que não curti tanto assim os livros dele que li, acabei desistindo de ler esse.
Prefácio
Oi
ResponderExcluirnunca li nada do autor, mas já li resenhas dos seus livros, esse é um dos livros dele que não tenho vontade de ler, e certeza pelo que falou sentiria muita raiva dos personagens, principalmente desse Alessandro, que bom que curtiu esse quem sabe em outros do autor que ler gosta mais das histórias.
https://momentocrivelli.blogspot.com/
Oi Nana, tudo bem?
ResponderExcluirEu lembro de ter conseguido "O Vilarejo" de graça naquelas promoções que algumas editoras fizeram no início de 2020, mas não me empolguei muito com o autor, apesar de ter gostado da história. Por isso ainda não li outros livros dele.
Achei a premissa desse livros interessante, mas com tantos gatilhos, se eu ler vai ser em outro momento. Atualmente estou querendo histórias que deem mais conforto. Tanto para ler quanto para escrever.
Até mais;
Mente Hipercriativa | Universo Invisível