Livro: Orgulho e Preconceito - Jane Austen

Considerado um dos mais importantes romances de todos os tempos, Orgulho e Preconceito acompanha a turbulenta relação entre Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy, a qual, nascendo de uma antipatia mútua, acaba resultando em uma inesperada história de amor. Com sarcasmo mordaz e inteligência profunda, por entre peripécias, desencontros e tramas paralelas quase tão interessantes quanto a trama principal, a obra retrata o amor como produto do desenvolvimento do caráter desses personagens complexos que, para tornarem-se aptos a amar e serem amados, precisam antes vencer o orgulho e o preconceito de que padecem. Trata-se de uma obra que abarca, inverte e transcende todos os clichês. Longe de brotar de uma sensação prazerosa imediata e da certeza de ter encontrado “a alma gêmea”, o amor entre os protagonistas é resultado de um lento crescimento moral provocado por uma aversão recíproca; antes de proceder de um esforço para conquistar o outro, o carinho advém da admiração moral entre duas pessoas. O amor do outro é um prêmio pela vitória sobre si mesmo. Sob a forma de uma história divertida e perspicaz, o romance faz uma das reflexões mais profundas da história sobre a natureza do amor. O leitor farto da superficialidade com que se fala do tema no nosso tempo descobrirá que este livro é de uma atualidade urgente. Pois como todo clássico, Orgulho e Preconceito não é do nosso tempo, mas de todos os tempos. Esta é uma edição especial, em duas cores, e inclui tipografias especiais e litografias.

seria Orgulho & Preconceito a "mãe" dos enemies to lovers??

Esta não é minha primeira experiência com a obra aclamada de Jane Austen. Acredito que a conheci um pouco tarde, próximo aos vinte anos e pelas aulas de Literatura Inglesa durante a faculdade, e sigo afirmando que clássicos merecem ser relidos depois dos trinta anos, viu? Sério, pessoal! Será um outro tipo de interpretação. Fora o brilho das coisas que passam despercebidas. Da última vez que o reli, a edição não estava tão convidativa e a revisão atrapalhou parte do rendimento. Quando a Faro anunciou esta nova edição, não hesitei em solicitar para reler. E segue uma obra que simpatizo cada vez mais. Desta vez minha atenção focou no Sr. Bennet - adoro seu humor debochado e já quero uma adaptação em que ele seja um pai charmosão, tipo George Clooney.

Consta em registro que a primeira publicação de Orgulho e Preconceito ocorreu em 1813 e seria nomeado Primeiras Impressões - fato que define e muito este romance. Jane Austen exalta cenários nos condados de Hertfordshire e Derbyshire, além de outros fictícios. A obra destaca - e muito - os comportamentos/obrigações sociais da época e muitas vezes de maneira ácida ou sarcástica. Mas vocês sabem que humor é algo muito relativo, então não há nenhum problema se vocês não acharem nada engraçado. E, inicialmente, o leitor se depara com parte da crítica pelo fato das cinco filhas Bennet não herdarem a propriedade que viveram toda vida; não serão herdeiras do pai. Sr. Bennet não tem um herdeiro homem, então corre o risco de perder a propriedade. Com esta edição compreendi um pouco melhor desse tramite dele. Ha!

Vamos para a fictícia Meryton, no condado de Hertfordshire, pelos ares do século XVIII. Na primeira página deste romance, a autora já expõe o tom de sua narrativa - ah, o deboche - com a exagerada Sra. Bennet e sua euforia pela chegada dos novos moradores na propriedade vizinha, em Netherfield. O maior interesse, claro, está no belo rapaz que deixa as mães de moças solteiras locais alvoroçadas - é uma lástima ser solteira aos 27 anos! Charles Bingley chega à bela propriedade acompanhado das irmãs, do cunhado e de seu melhor amigo, o introvertido Fitzwilliam Darcy.

Obrigado pela esposa, sr. Bennet logo faz as honras da recepção ao rapaz. A grande recompensa de sra. Bennet não demora a chegar: toda família é convidada para um baile, assim como toda vizinhança. O baile em questão é o grande ponto onde as peças iniciam os movimentos, destacando as linhas de desenvolvimento, críticas e conflitos. Dita como a mais bela das cinco irmãs, a srta. Jane Bennet é aquela que desperta grande interesse do carismático sr. Bingley. Dividem parte das danças, ocasionando várias deduções dos presentes.

Por outro lado, sr. Darcy chama atenção pela antipatia e desdém. Isolado parte da noite, recusando-se às socializações, é presenteado com um terrível desencontro com a segunda filha Bennet, a maravilhosa protagonista Elizabeth. Entrar nos jogos casamenteiros da mãe nunca é de pretensão da jovem, então é de se imaginar que ser chamada de "tolerável" por um homem de posses não acabaria com sua noite. Mas segue com a mente de Darcy, conforme se conhecem num tom desdenhoso, enquanto a narrativa avança.

Como animadamente esperado pela sra. Bennet, Jane - a irmã dita a mais bela e tambem a boazinha demais - inicia certa aproximação de sr. Bingley. A afeição entre eles aumenta, mas as irmãs dele não veem a união com bons olhos. A ruptura não demora a chegar, deixando Jane desolada e sem explicações. Mas a trama segue, nos presenteando com mais duas grandes chegadas na vida desta família: sr. William Collins (um primo distante de sr. Bennet, dado ao clero, e que deseja casar-se com uma das irmãs) e sr. George Wickham (o suposto vilão desta história).

Os desencontros entre Elizabeth e Darcy tornam-se típicos, sempre abruptos por conflitos na comunicação entre eles e julgamentos indevidamente formados. Wickham acaba por fazer um belo trabalho manipulando a opinião de Elizabeth contra Darcy, que a pede em casamento e é dispensado. Mas... será que ela irá se arrepender? Ha! Em meio às aversões da época, como as diferenças de classes, status, comportamento e conhecimentos, Darcy empenha-se em apresentar um outro lado de sua personalidade a Elizabeth; não só ela, mas ao leitor também. Jane Austen era uma autora difícil, ou talvez realista em questões amorosas? Próximo ao fim dos mais de cinquenta capítulos, ainda consegue nos fazer duvidar do tal final feliz. Sua heroína Elizabeth Bennet enfrenta tantos desgostos e desilusões com toda maestria que a tornou uma das melhores personagens femininas da literatura.

"- E o seu defeito é odiar todo mundo.
- E o seu - respondeu ele, com um sorriso - é deliberadamente interpretá-los mal."

Uma das minhas narrativas favoritas que segue dominada por um toque de humor ácido que adoro. Há tantos personagens! E cada um consegue deixar sua marca registrada, principalmente as irmãs Bennet. Claro que você consegue defini-las: tão parecidas com seus pais, inteira ou por metade. Não é uma escrita tão complicada quando se pensa em clássicos. Seu toque crítico grita em cada entrelinha. Jane Austen consegue nos aproximar um pouco de sua época e até cria certas comparações com nossos parentes facilmente. É estranho finalizar um clássico e senti-lo tão familiar? Se você não tem uma sra. Bennet na sua família, você é privilegiadx sim! Ha! É o que sempre falo: a gente atura muita coisa tóxica de parente, só por ser parente, e não deveria. Aqui ainda tem as vexatórias.

O amor pela construção de Elizabeth e Darcy não muda. Como a maioria, eu me identifico bastante com a personalidade dela. No entanto, há certas coisas que tenho em comum com Darcy também, como não tolerar pessoas sem limites. E, claro, o considero um baita crush também. Britânico raiz, ele é. Ha! Apesar que nesta releitura eu foquei no Sr. Bennet... É um casal muito querido pelos amantes da literatura. Prezo bastante por conquistas difíceis, não só em leituras - cof, cof -, então é um deleite assistir os obstáculos que surgem conforme o romance avança. Não é qualquer coisa, são caminhos inteligentes que conectam a linha final. E hoje em dia o povo se olha na primeira página de um romance e já diz que ama...

E, claro, há personagens desagradáveis. Sra. Bennet entrega certa dualidade, pois suas cenas ora divertem, ora envergonham. Suas obsessões casamenteiras acabam por influenciar as filhas mais novas de péssima maneira. Uma delas, Lydia Bennet, é a protagonista de uma das reviravoltas, mas sua personalidade rebelde não colabora para lástimas - acho que nem a autora queria que a gente sentisse. Apesar que, por outro lado, Lydia pode soar como uma Bennet moderna, já que não se importa com opiniões alheias e faz o quê seus impulsos desejam. E ainda temos sr. Collins, que é a própria ratazana deste livro. O típico parente hipócrita, moralista e cheio das opiniões vergonha alheia. Wickham, pelo menos, consegue ser interessante.

" - E eu poderia facilmente perdoar o orgulho dele, se ele não tivesse mortificado o meu."

As críticas à época estão expostas a cada diálogo ou parágrafo, assim como a maneira que viam a figura da mulher naquela época. E é ótimo que a autora as diferencie na construção, dando a cada uma o mínimo que lhe deixa feliz ou o quê tenha a liberdade em fazer. Embora suas finanças, nome de família e nível de conhecimento são o quê validam o caráter. Por fim, precisam afirmar a todo momento o quão prendadas são para mostrarem seu valor perante a sociedade.

Orgulho e Preconceito é daqueles clássicos obrigatórios para quem ama suspirar por um bom romance. É tudo o que sinto falta nos moderninhos: uma narrativa que leva a gente conhecer, brigar, torcer pelo casal e não pegar ranço no primeiro capítulo. Diferente de finais disneylândia, que destacariam um final "natal em família", a autora Jane Austen mostra que, para ser feliz, sacríficios precisam ser feitos. E dizer que "tolerável" faz um baita sentido no fim - em relação a certos personagens...

"Meu afeto e desejos permanecem inalterados, mas uma palavra sua me silenciará sobre esse assunto para sempre."

A tradutora optou por deixar os pronomes de tratamento em inglês, mas acredito que deveria ter notas de rodapé explicando suas decisões, já que se trata de uma obra importante. Fora isso a edição está belíssima - compartilhei algumas fotos no insta do canto, clique aqui, e também mostrarei em vídeo lá no canal, clique aqui.

E essa não será a única obra de Jane Austen a ganhar uma edição tão convidativa pela Faro: Razão e Sensibilidade vem logo, logo.

em breve a versão em vídeo desta análise no canal do Canto - inscreva-se clicando aqui

*Adaptações:
*Lembrando que há muitas releituras ~levemente~ inspiradas na obra

Pride and Prejudice: Atlanta (2019) | Filme
. Telefilme produzido para o canal norte-americano Lifetime;
. Elenco completamente formado por atores negros.(clique aqui e confira elenco)
.
Orgulho e Preconceito: Tornando-se Elizabeth Bennet (2019) | Filme
. Telefilme produzido pela Nicely e exibido pelo canal norte-americano UPTV;
. Foca em uma jovem atriz que é convidada para estrelar uma adaptação de O&P. (clique aqui e confira elenco)
.
Natal em Pemberley Manor (2018) | Filme | Trailer
. Telefilme produzido para o canal norte-americano Hallmark. (clique aqui e confira elenco)
.
Orgulho e Paixão (2018) | Novela
. Novela produzida para a TV Globo;
. Está disponível no streaming deles, Globoplay;
. Explora personagens de outras obras de Jane. (clique aqui e confira elenco)
.
Before the Fall (2016) | Filme | Trailer
. Nem sei o que é isso e não conheço ninguém. (clique aqui e confira elenco)
.
Orgulho e Preconceito e Zumbis (2016) | Filme | Trailer
. A releitura vem do livro de Seth Grahame-Smith. (clique aqui e confira elenco)
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Pride and Prejudice (2014) | Minissérie
. Não é essa a que o povo gosta. (clique aqui e confira elenco)
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Death Comes to Pemberley (2013) | Minissérie | Trailer
. Mini britânica produzida para o canal BBC; (clique aqui e confira elenco)
. Darcy e Elizabeth em um epílogo envolvendo um grande mistério.
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The Lizzie Bennet Diaries (2012) | Série
. Série criada por Hank Green e Bernie Su, no formato vlog; (clique aqui e confira elenco)
. Episódios disponíveis no YouTube.
.
A Modern Pride and Prejudice (2016) | Filme
. Nem sei o que é isso e não conheço ninguém. (clique aqui e confira elenco)
.
Orgulho & Preconceito (2005) | Filme | Trailer
. Adaptação muito querida pelos fãs da autora; (clique aqui e confira elenco)
. Rendeu 4 indicações ao Oscar, uma delas para atriz Keira Knightley.
.
Noiva e Preconceito (2004) | Filme | Trailer
. Outra adaptação muito querida pelos fãs da autora; (clique aqui e confira elenco)
. Quando Bollywood conheceu Hollywood.
.
Pride and Prejudice (2003) | Filme | Trailer
. Nem sei o que é isso e não conheço ninguém; (clique aqui e confira elenco)
. Elizabeth desta versão é uma universitária.
.
Wishbone (1995-1998) | Série | Trailer
. Vocês acharam que não ia ter cachorro nessa lista? (clique aqui e confira elenco)
. Temos um doguinho travesso que gosta de fazer releituras de clássicos, isto inclui os da Jane.
.
Orgulho e Preconceito (1995) | Minissérie | Trailer
. Esta é a minissérie que os fãs gostam, produzida pelo canal britânico BBC; (clique aqui e confira elenco)
. É aquela que tem o Colin Firth de sr. Darcy.
.
Orgulho e Preconceito | Minisséries Clássicas
. Também temos minisséries clássicas produzidas por canais europeus:
. Pela BBC em 1980 -> clique aqui e saiba mais
. Pela BBC em 1967 -> clique aqui e saiba mais
. Pela rede holandesa em 1961 -> clique aqui e saiba mais
. Pela BBC em 1958 -> clique aqui e saiba mais
. Pelo canal italiano RAI em 1957 -> clique aqui e saiba mais
. Pela BBC em 1952 -> clique aqui e saiba mais
.
Orgulho e Preconceito | Filmes Clássicos
. Orgulho (1940) - vencedor do Oscar de Direção de Arte - saiba mais
. Pride and Prejudice (1938) - a primeira adaptação produzida pela BBC - saiba mais

Autora: Jane Austen
Título Original: Pride and Prejudice
Origem: Literatura Inglesa / Britânica
Recomendação do Canto: +12 anos
Editora: Faro Editorial
Tradução: Nathália Rondan
ISBN: 978-65-5957-262-5
Publicação: ed.2023
Páginas: 320
Série: Não
O Que Tem? Amor e Ódio, Rinha de Rico, Tios Maneiros, Muita Visita Na Casa dos Outros, Irmãs

Comentários

  1. Por algum motivo eu também demorei bastante a ler o livro. Já conhecia a história, tinha visto o filme de Keira Knightley, mas após ler a obra me conectei muito mais a ponto de rever o filme.
    Gostei bastante do levantamento de adaptações que você fez, fiquei com vontade de assistir a outras obras.

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  2. São muitas adaptações. Achei bem diferente a capa deste, gostei. Nunca li esse clássico, mas até que fico curiosa.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  3. Oi Nana, tudo bom?
    Eu queria tanto gostar dos livros da Jane como eu gosto das adaptações... rs.
    Não sei se foi a tradução que eu li, não tive uma experiência plena, sabe?
    Não sei... Algo não fluiu, não me apaixonei como queria ter me apaixonado.
    beeeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  4. Oi Nana, tudo bem?
    Amei sua análise e concordo muito sobre a construção do casal ser feita aos poucos, diferente dos romances modernos que os casais já saem se amando e o leitor nem tem tempo pra "comprar" aquele amor todo.
    Já prometi mil vezes ler esse livro e nunca cumpro, então não sei se algum dia vai rolar, mas respeito demais o impacto que teve pros romances e pra literatura.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  5. Tá aí um filme que eu não gosto :/
    Talvez por não gostar de filmes de época...
    Mas pra quem gosta dessa vibe é realmente bacana e interessante hehe.

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  6. Oi Nana, até hoje não li essa história nem assisti qualquer adaptação. Tenho muita vontade, mas até hoje não me senti disposta a conhecer. De qualquer forma essa livro está na minha lista de leitura.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

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  7. Apesar de já ter lido outras obras da autora, confesso que nunca me senti tentada a ler o famoso "Orgulho e Preconceito", contudo sei que é uma falha grave, não ter esse livro nas minhas prateleiras!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

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  8. Oie, eu li esse como uma leitura obrigatória porque adoro o filme e me apaixonei pelo livro. Gostei ainda mais das discussões e de como os sentimentos dos personagens são fortes, mesmo que não seja evidente o afeto, e sim outros sentimentos como orgulho e petulância.

    Bjs

    Imersão Literária

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