Livro: Alerta de Tempestade - Maria Adolfsson #ACABOUOPAPEL
É noite de Natal quando a detetive Karen Hornby recebe uma ligação da Polícia Nacional de Doggerland, próximo a Noruega. Ao norte do arquipélago, o corpo de um idoso foi encontrado próximo à antiga pedreira da região, e o que parece ser um acidente à primeira vista logo se torna a cena de um assassinato. Embora esteja afastada por licença médica devido ao ferimento sofrido em seu último caso, Karen aceita liderar a investigação para escapar das celebrações de fim de ano ao lado da família. Enquanto tenta cooperar com a polícia local para achar o culpado, outro crime acontece na véspera de Ano-Novo, porém o que mais perturba a detetive é a possibilidade deste segundo caso não estar apenas relacionado à destilaria de uísque onde encontraram a vítima, mas também aos seus próprios familiares que moram na ilha. Dividida entre cumprir seu papel como policial e enfrentar seus fantasmas, Karen precisa mergulhar fundo em seu passado para desvendar quem é o assassino e resolver este mistério que irá mudar sua vida de uma vez por todas. Uma trama cheia de camadas, criada por uma das autoras mais celebradas hoje nos países nórdicos. ALERTA DE TEMPESTADE é o segundo livro da série best-seller internacional com a detetive Karen Eiken Hornby. Desta vez, a autora nos leva à paisagem gélida da ilha Noorö com detalhes que tornam as ruas de Doggerland ainda mais vivas. PISTAS SUBMERSAS, o primeiro livro da série, também foi publicado pela Faro Editorial.
AVISO: esta narrativa apresenta cenas de violência doméstica
um mistério no Natal? :O
Este é o segundo volume da série Doggerland.
A análise foi escrita com a menor entrega de spoilers o possível.
Primeiro vamos relembrar que Doggerland realmente existiu, mas em algum ponto da história da humanidade tornou-se submersa. Num ponto entre o Reino Unido e os países nórdicos, a autora sueca Maria Adolfsson resolveu criar uma área não submersa neste local misterioso e usar como cenário para sua série policial. Então o leitor não encontrará apenas um mistério a solucionar, mas uma baita dedicação da autora em nos conectar com uma cultura e seu povo fictício.
Após os eventos em Pistas Submersas, a detetive Karen Eiken Hornby está em meio a sua confraternização natalina com amigos e familiares, quando recebe um telefonema de seu superior - ele mesmo, aquele embuste do Jounas Smeed - exigindo que ela lidere a equipe de investigação de um suposto assassinato em Noorö, no norte da ilha. Como se este cenário não pudesse ficar ainda mais gélido, né? A ideia se torna um alento para Karen, que anda se sentindo sufocada com a repentina movimentação em sua casa. Em Pistas Submersas a autora nos apresenta uma Karen solitária e fria, no entanto, após a conclusão do caso anterior, vários personagens entraram e retornaram à sua vida. E aqui acompanharemos sua saúde mental lutando contra isso.
Fredrik Stuub era um professor idoso e solitário. Suas únicas companhias eram a cadelinha de estimação e a irmã. Também há um neto, apesar de que a família não é um exemplo de união. Seu corpo fora encontrado numa pedreira; a equipe de Karen tem a certeza de que o arrastaram. Eis aí um final de ano pra lá de movimentado para o departamento policial de Doggerland. Stuub era conhecido por se impor e proteger áreas locais consideradas de preservação, muitas vezes debatendo com superiores para que cessassem o vandalismo ambiental.
E, claro, só essa questão do vandalismo não é o suficiente para a autora Maria Adolfsson instigar nossas mentes ávidas por um ótimo mistério. Ela, praticamente, desenha toda árvore genealógica de Stuub a cada avanço na trama. Ha! Noorö é daqueles locais que ~todo mundo conhece todo mundo~ e é interessante descobrir como a vítima estava conectada com parte destas pessoas. E, falando em família, mais uma vez a detetive Karen precisa da ajuda de seus familiares para obter algumas migalhas em relação ao caso.
Em paralelo segue uma trama perturbadora envolvendo uma das amigas de Karen e, enquanto a detetive está em Noorö correndo contra o tempo para desvendar a morte do professor, ela também necessita de forças para se fazer presente em casa e cuidar da segurança daqueles que ama, mesmo sem saber como demonstrar.
"xingar muito é um sinal de inteligência"
Dizem que há uma maldição do segundo livro, no que se trata de continuações, mas Maria Adolfsson deu uma quebra optando pela zona de conforto: um mistério em meio ao caos das festas de fim ano, repleto de segredos e tretas familiares, que casou super bem e entregou o prometido. Enquanto seu primeiro volume focava em apenas um assassinato, por aqui temos um assassino disposto a chacoalhar as folgas do departamento de polícia de Doggerland com mortes, novamente, sem nenhuma motivação aparente. Confesso que durante a leitura do volume anterior foi fácil descobrir a motivação, esse aqui só quando chegou o momento da revelação mesmo. Ha! Alerta de que preciso ser menos trouxa com certas lábias.
Karen segue com sua personalidade de tom preservado e não muito social. A verdade é que, desta vez, a detetive se vê obrigada a abrir espaço para a vida social florescer. Conheceremos mais da vida social de Karen, mesmo pela distancia, e certamente serão personagens que terão destaque nos próximos volumes da série. Alguns personagens do livro anterior decidiram ser permanentes e Karen ainda não sabe lidar com o nível de atenção que eles exigem e também prestam a ela. Algo que aprecio nos policiais nórdicos é que seus personagens não são frios a troco de nada, geralmente há uma treta familiar à espreita entregando um sabor realista e com Karen não é diferente. A autora havia deixado o leitor ciente de que sua protagonista não retornou para Doggerland porque era um desejo repentino, e ela segue tentando se encaixar num lugar que era pra ser mais do que familiar.
E tretas familiares praticamente define este livro. Seja da parte de Karen, da vítima, da amiga da narrativa paralela e de outros coadjuvantes, enfim, Karen enxerga que todo mundo tem problemas - sejam eles emocionais ou não - e presta a ajuda da maneira que lhe convém. Como mencionado, a abordagem da amiga é um cenário perturbador que Karen, como policial, sabe bem como é o resultado naquela área - e em tantas outras. Não consegui julgá-la por suas escolhas, mas acredito que abrirá um leque de possibilidades para o futuro da personagem. A narrativa paralela não é desnecessária ou avulsa ao mistério principal, porque de alguma maneira cutuca a personalidade isolada que Karen quer manter.
"A tia Ingeborg tinha razão: Eu não vou deixar esta mina viva."
Mesmo obtendo certo respeito por solucionar o caso do livro anterior, Karen ainda precisa lidar com o tratamento arrogante de boa parte de seus companheiros de trabalho, homens, que não deixam passar uma oportunidade para provocá-la. A detetive não consegue se livrar da antipatia do legista de sua equipe, apesar que a autora deu um corte nos inúmeros ataques machistas. E aqui ela está trabalhando com uma equipe nova, então será como um terrível primeiro dia. Embora o chefe da polícia local, Thorstein Byle, seja um senhor bastante solícito e simpático - confirmo que ele ficou na minha lista de suspeitos. Ha! E preciso mencionar que Jounas ficou meio apagadinho nesta aventura, só aparece para latir. Será se vai durar nos próximos?
A leitura de Alerta de Tempestade tem um ritmo parecido com o de seu volume anterior: com entrega inicial lenta, mas que logo se torna instigante e com tópicos locais inteligentes. Desta vez a política local será o centro junto com as tretas na fábrica de cachaça. A vítima era envolvida com ativismo, mas há vários segredos perdidos na gélida Noorö que levariam pessoas grandes a perderem o bem-estar que mantêm. Dizer que fiquei bem ansiosa pelo provável retorno da gangue dos motoqueiros...
E para os leitores de Pistas Submersas que ficaram curiosos em relação ao passado de Karen, podem seguir a leitura deste volume confiantes, porque encontrarão respostas satisfatórias - apesar de que considerei todo background bem triste, entretanto importante para compreendermos a personalidade tão isolada da protagonista.
"Depois de ouvir pacientemente o discurso do legista sobre como seu Natal foi arruinado, que o Ano-Novo também foi arruinado e que Noorö encontraria uma forma de também arruinar seu Dia de Reis, ela finalmente conseguiu uma chance de falar..."
Edição física tão organizada. Notei que na análise do livro anterior mencionei que as narrativas nórdicas costumam ser longas, mas os capítulos estão curtinhos e agilizam bastante a leitura. Acredito que aprecei mais a leitura deste pelo tom mais ágil da narrativa e a dinâmica em Noorö manteve o interesse mesmo com alguns movimentos esperados. Não há erros tão gritantes; boa fonte escolhida e a editora segue arrasando em seus policiais. A capa tenta representar Noorö de alguma maneira; gostei das cores.
VERSÃO VÍDEO: em breve!
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Recomendação do Canto: +16 anos
Editora: Faro Editorial
Publicação: 2022
Páginas: 256
Editora: Faro Editorial
Tradução: Leonardo Castilhone
ISBN: 9786559571529Publicação: 2022
Páginas: 256
Série: Sim - Doggerland
#1: Pistas Submersas (Resenha)
#2: Alerta de Tempestade
#3: Mellan djävulen och havet
O Que Tem? Mistério, Tretas Familiares, Muito Frio, Pedras Históricas, Cachaça, Bad Boys, Nórdico
O Que Tem? Mistério, Tretas Familiares, Muito Frio, Pedras Históricas, Cachaça, Bad Boys, Nórdico
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O Canto Cultzíneo agradece à Faro Editorial por ceder o exemplar para análise
O Canto Cultzíneo agradece à Faro Editorial por ceder o exemplar para análise
Oi Nana, tudo bem?
ResponderExcluirAchei a proposta da autora de misturar natal e trama policial em um mesmo livro bem interessante. Dica anotada!!!
*bye*
Marla
https://loucaporromances.blogspot.com/
Nana, como eu amo capítulos curtinhos. Parece que a leitura flui melhor! E eu não sabia dessa série e muito menos de que esse lugar existiu. Legal a autora ter pego esse detalhe e imagino o trabalhão! E a Faro arrasa muito! Nos últimos anos, li alguns livros (mas de romance hahaha) e amei. :)
ResponderExcluirBeijos, Carol
www.pequenajornalista.com
Oi, Nana!
ResponderExcluirAchei muito interessante essa questão de sair do clichê da história de natal fofinha e criar algo mais intenso.
Muito boa essa premissa.
Não sei se leria essa história perto do natal, mas fiquei curiosa.
Um beijo,
Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
Algumas Observações
Projeto Escrita Criativa
Oi Nana, tudo bem?
ResponderExcluirCom certeza nunca li nada desta autora e também não conhecia essa série. Gostei muito de saber que a trama mistura suspense, crises familiares e emocionais e ainda consegue retratar bem uma sociedade inventada pela autora mas que pelo que entendi mistura bastante elementos da nossa realidade. Dica mais que anotada.
Bjus
Amei a resenha. Adoro quando os autores se esforçam para sair do arroz com feijão e criam tramas diferentes com elementos já conhecidos. Fiquei muito querendo ler tanto esse como o anterior para saber mais sobre a protagonista e ver como os crimes são resolvidos.
ResponderExcluirBeijos
https://www.dearlytay.com.br/
Wonderful post, very interesting and inspiring blog :)
ResponderExcluirGreetings from Poland!